Avião? Não. Não poderia ser. Ou poderia? Eu sabia, mesmo eu que crescera em um aeroporto, que aquele ruído não era um avião qualquer. Deparei-me olhando os céus com um olhar crítico a tal barulho. Relembrei minha infância por alguns segundos. Quando era menino ranhento e barrigudo, esticava o pescoço para fora da janela quando qualquer aeronave cortava o céu, e acreditava que meu pai estava lá dentro. Meu pai era piloto de aviões. Minha mãe ainda ajudava nessa mentira, ordenava para que eu acenasse. E eu, uma criança ingênua, acreditava e acenava com a mão entre aberta de um lado para o outro.
Fitei meu caro amigo que presenciara o fato junto a mim e indaguei o tal barulho. Era ensurdecedor, mesmo assim ele afirmara que era normal passar aviões comerciais em cima do seu edifício. Mas não, eu discordei, e logo ele me disse "-Você está louco!". Meu olhos estavam arregalados, saltados para fora daquela janela procurando o tal objeto voador não identificado. Com meu coração disparado, como se trotasse junto a cavalos bravos presenciei novamente o tal barulho. Fiz o mesmo ritual para ver o dito objeto, mas em vão, não encontrei nada além de nuvens cinzas. Eu sabia que em breve presenciaria momentos críticos na humanidade, guerras, pandemias etc.. mas não naquele exato momento. Meus ouvidos depararam-se com outro barulho, bem conhecido por nós, tiros. Podia-se ouvir o zunido das balas cortando os céus. Uma guerra? Podia ser, mas até então a minha pessoa não conseguia tirar conclusões do fato.
No dia seguinte, que por sinal amanheceu com um maravilhoso céu azul onde as flores do jardim da minha vizinha pareciam olhar para mim e dizer bom dia, eu não acreditei no que meus olhos fitaram nas manchetes dos jornais. O mundo estava sendo invadido por "deploráveis criaturas" como diziam. Deploráveis? Eu dei razão aos bichos invasores. O que o homem tinha que fuçar no infinito do universo! Homem curioso. Esse é o problema, já não basta a terra do jeito que está, ela sim esta deplorável, mas por causa do dedo mágico do homem. Possivelmente os ETs ja fizeram uma previsão, logo o homem inteligente por si só, iria arranjar um jeito de destruir o resto do universo. Talvez, fazendo na lua, um depósito de lixo ou mesmo abrindo bordéis milionários em júpiter. Tudo pela curiosidade. Certa vez li o depoimento de um índio (um dos que sobraram), a vida é pra se viver em harmonia, sem muitas tecnologias. Já um milionário, que deve ser pelo dinheiro que agarrou a causa, afirmou que o homem tem capacidade para dominar o universo. Ele que domine a sua cara de pau.
Augusto Cesar Seifert
Lendo 1984 nas entranhas da baleia
Há 6 anos
Um comentário:
Augusto Cezar Seifert, o nome ja diz!
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