terça-feira, 12 de maio de 2009

Entre a Cruz e a Espada.

Seguindo minha rotina pus me a trabalhar. Só que para chegar ao rumo desejado eu teria que encarar a espera por um ônibus debaixo de um sol de quarenta graus. O ônibus sempre demora para chegar, ainda mais quando temos pressa e dessa vez ele tardou mais uma vez e por longas 2 horas fiquei em pé naquele ponto de ônibus de que nada me inspirava. A minha cara amarrotada mostrava que eu estava cansado de ver aquelas mesmas pessoas e uma ou duas chegarem para apoiarem junto a tão desejada chegada do ônibus.

- Lá vem ele! - Disse uma senhora eufórica que expressou um sorriso de felicidade.A expressão de alívio surgiu no olhar de todos que estavam esperando.

Primeiro as damas,depois as senhoras, logo após os senhores, depois eu, o moçoilo da história. Subi degrau por degrau almeijando sentar-me e
regozijei de alegria com o ar condicionado que estava no máximo. Mal sentei e o motorista arrancou.

Alguns pontos para frente o ônibus parou, como tantas vezes que já parou apara embarcar ou desembarcar alguém. Mas nessa parada que cito subiu no ônibus uma figura que é o motivo das tais linhas que discorro. Subiu, e vagarozamente, como se tivesse com algum probelma na perna, dirigiu-se até o último banco do ônibus, abriu a janela e sentiu o mesmo alivio que todos haviam sentido na chegada do ônibus, após uma longa espera.

Após alguns kilomentros percorridos o ônibus parou na frente de uma guarita da Polícia Rodoviária Federal e pediu para que o senhor desembarcasse. Até então não entendi a situação. O senhor começou a andar vagarozamente nisso tomei-me como um homem barbado e perguntei ao cobrador:

- O que aconteceu? Por que ele vai descer?
- Ele não tem dinheiro pra passagem. - respondeu o moleque.
- E você vai expor ao ridículo, esse senhor que deve ter mais de sessenta anos? Descer na frente da guarita como bandido por não ter uma valor insignificante de
dois reais e trinta e cinco centavos? Isso é discriminação sabia?
O cobrador respondeu:
- Foi o motorista que mandou e tem um fiscal no ônibus.
- Não interessa - respondi, olhei para o senhor e continuei: - Pode sentar-se amigo, pagarei sua passagem, você é como todos aqui, usuário dos meios de transporte.

Eu me senti um político. todos me olharam e pensaram olha que bonito o que esse rapaz fez. Eu percebia isso no olhar das senhoras que adorariam ter-me como neto. As mulheres olhavam e me desejavam como seus genros. Sem exagero, se eu me candidatasse a algo naquela tarde teria, daquele onibus 40 votos. Mas eu não esperava que essa visão fosse mudar.

Aos poucos uma marofa de chulé misturada com um cheiro que não sei nem explicar começou a invadir o ônibus. Nos vidros sempre há aquele adesivo "Janelas Fechadas - Ar Condicionado", ninguém respeitou, e assim comecaram a abrir as janelas. Eles me olhavam como se eu não fosse mais o mocinho e sim o vilão. Minha popularidade caiu uns setenta por cento. Quem estava por perto do andarilho começou a trocar de lugar, quase sentaram no colo do motorista. Todos queriam sair de perto do coitado que fedia a merda. E eu tive que aguentar o odor, pois não estaria fazendo jus ao meu discurso. Mas ele era um ser humano como qualquer outro. Eu tinha consciência, mesmo fedendo podre, flatulento. Como fosse. E eu tinha certeza que aquelas garotas, e senhoras que faziam cara de nojo ao sentir o odor não aguentariam dar um beijo no rosto do coitado. Aquilo foi um prova de que muitas pessoas acreditam em estereótipos pré defenidos. Bem sei eu que a sociedade exige banho e é bom. Mas alguém naquele ônibus sabia o que a vida fez com aquele pobre homem para que ele ficasse daquele jeito? A reposta era Não. Só sabiam que ele fedia, e não tomava banho a meses.

Augusto Cesar Seifert

4 comentários:

Rodrigo Mello Campos disse...

2 pila e 50 a menos no bolso, mas uma boa história pra contar.

Rodrigo Mello Campos disse...

correção, dois e trinta

Anônimo disse...

hahaa

Tamara disse...

pequenos exageros à parte, o episódio está quase tocável de tão real!!

gostei de ler por aqui.
abraços.