quinta-feira, 28 de maio de 2009

Leandro Dourado: filósofo e artista multifuncional

Rodrigo Mello Campos
Edição: Gabriela Luisa Titon


Assisti a algumas peças do cara e sempre tive curiosidade de saber como ele consegue fazer isto, arrumei o telefone e marquei hora. Combinamos de nos encontrar na padaria Mel, uma quadra abaixo da Policlínica. Detalhe: há duas ou três padarias do mesmo dono, com este mesmo nome. Entretanto, a padaria que indiquei a Leandro mudou de nome. Após algum empenho, nos encontramos para falar de teatro. Também estava presente Rafaela, atriz e lutadora de Kung -Fu.

Leandro Dourado, roteirista e diretor do grupo de teatro Gayatri, é formado em Filosofia pelo Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná (UNICS), em Palmas. Antes da faculdade, já trabalhava com teatro. Durante a graduação, pagava os estudos e a pensão com o dinheiro da arte cênica. Com o apoio de Lucy S. B. Nazaro, coordenadora do curso de Letras, o grupo Cotex' Ação, dirigido por Dourado, chegou a ganhar o primeiro lugar no festival em União da Vitória.

Suas composições dramáticas geralmente conquistam boas colocações em festivais. A primeira que escreveu chama-se "A casa que espantava", uma comédia que brinca com a idéia da morte e que além de ser traduzida para o esperanto foi apresentada em Fortaleza. A segunda peça, "Palmas ao sopro do vento", faz parte do projeto Paranização, cuja finalidade é incentivar os artistas fora da capital e dos grandes centros urbanos. Ela narra a história de três religiosos que migraram para a região: Redempto, Solano e o famoso Frei Policarpo. Por mérito, participou do Festival Internacional de Londrina (FILO). Orgulhoso e emocionado, fala que é sua maior vitória. Depois destas peças não parou mais de escrever.

O homem também é desenhista. Na segunda peça, produzia efeitos especiais sobre o retroprojetor. Ou seja, ele desenhava o cenário na hora e também soprava uma caixa de acrílico com penas, a fim de expressar o vento no telão.

Em 2007, inspirado na obra "Cândido" de Voltaire, escreveu a satírica "Quem matou Artur", síntese das histórias de heróis medievais. Lá, encontram-se Rei Artur, Robin Hood e os Três Mosqueteiros. Uma das críticas facilmente percebidas é contra a Igreja Católica, pois as freiras, que usam decotes, provocam os outros personagens e a platéia.

A última peça apresentada chama-se "Memórias do Oriente". A primeira versão foi premiada no Festival de Artes da Rede Estudantil (FERA), cujo tema era a imigração japonesa. Nesta variante, os loucos se comunicavam pelos versos de Paulo Leminski, e todos falam através de Hai-Cai. A atual versão, expandida, contém cenas de Kung-Fu e faz analogia a novela chinesa "O Tigre e o Dragão", do escritor Wang Du Lu. A música e as cores são fortes, lembrando assim o cinema e a animação oriental. O responsável pela coreografia é Ben Hur Heckmann, mestre em Kung-Fu. A peça pode ser considerada um caldeirão da cultura oriental.

Doze anos de luta aliados a prêmios não é para qualquer um. Ainda bem que existe gente assim. Falta público prestigiando os artistas locais, todavia, eles viajam muito para mostrar o trabalho. Contudo, por que será que os pato-branquenses sempre lotam o teatro Naura Rigon quando aparece alguém de fora?

2 comentários:

Leonardo Silveira Handa disse...

Esse cara é fodástico!

Leonardo disse...

esse eh meu professor, apavoraa
:D