sábado, 30 de maio de 2009

Uma boa história para lembrar dos velhos tempos.

O amor da morena.

O sino da igreja nunca bateu tão forte como naquela tarde de outono. Não era missa de comemoração de algum santo e nem discurso do xerife, mas a praça, que ficava em frente à igreja, estava repleta de curiosos que, com os olhos esbugalhados esticavam o pescoço em busca de alguma visão. Curiosos.
A notícia do duelo espalhou-se velozmente pela cidadezinha, característica única de cidade do interior. Duelo sempre resulta em morte, do mais fraco, ou do mais forte e mesmo assim o padre, o xerife e a dama, que era disputada, também estavam lá. Via-se que para tal fato nem Deus, nem a lei e nem a beleza de uma linda mulher faria parar tal ato de violência e crueldade. Mas era necessário, eram muitos que se faziam presentes para assistir a cena, em um milésimo de segundo tal crueldade virava um espetáculo.
O padre, além do mais, já recitava baixinho suas preces para que a alma do defunto fosse para um bom lugar, antes mesmo que o dito estivesse morto. Na sua mão estava lá, o terço, que compassava as preces, para que não virasse balburdia e excesso de preces nos céus.
O xerife, demasiado asseado e com o bigode lambido, falava com alguns garotos sobre suas astúcias que nos anos de sua longa jornada de xerife já tinha presenciado e cometido. Os garotos com os olhos atentos aos lábios do xerife que falava sobre saqueadores e bandidos do velho oeste, sonhavam alto, imaginavam-se como o dito que estava a sua frente. Queriam também ser xerifes. Mas o bigodudo estava apenas vangloriando sua posição de mantenedor da ordem e progresso da cidadezinha.
A donzela disputada no duelo estava pomposa na sua exuberância. Mesmo os jovens que escutavam as estórias do xerife só se distraíam quando a morena balançava seus cabelos negros. Os olhos dos homens casados passavam e ficavam por alguns instantes, que se tornavam infinitos, quando ela passava. Era linda. Era mesmo um motivo de duelo.
O desafiante foi o primeiro a chegar, mesmo por que era conhecido por todos na cidade. Rapaz jovem, saudável e quando veio a praça lançou um olhar incandescente para a donzela. Olhar como de quem diz, “-A vitória é minha”. Depois pediu a benção ao padre e saudou o xerife com um caloroso aperto de mão. Como disse antemão era conhecido por todos e sua fama de valente a qual corria pelos boatos da cidadezinha.
Quando menos esperavam aquele bando de curiosos lançaram um olhar no horizonte da rua. Lá estava. O desafiado que com a cabeça baixa se achegava como se estivesse contando seus próprios passos. Não era possível identificar se estava tão seguro ou se estava com medo. Era magro, alto e trazia consigo uma rosa amarela que se fazia levemente entrelaçada entre seus dedos.
Os espectadores começaram a movimentar-se. Cada qual procurou o seu lugar para assistir ao confronto. A roda se abria, e o ritual de aproximação do desafiado já fazia parte do espetáculo. Algumas donzelas desmaiaram com tamanho romantismo e drama que o cavalheiro carregava na lentidão dos seus passos. A Linda morena havia se sensibilizado a ponto de já estar entregue a ele, mas seria injusta com a consciência da sociedade que estava ali para não deixar que alguma mentira impedisse o confronto. Teria ela de assistir o combate, e aceitá-lo plenamente.
A cada badalada do sino, um passo de aproximação. O relógio da igreja anunciava com o seu tique-taque o momento do embate. Seis horas em ponto. O dia já se demonstrava pálido e entregue. A noite abrandadora chegava e escurecia as expressões de todos na praça. Não se sabia se o xerife estava realmente orgulhoso ou se temia algo. Não se sabia se Seu Ernesto, dono do bar, estava apavorado ou curioso. Não se sabia se a donzela estava atônita ou apreensiva. O jogo das sombras e faces não permitia leitura nenhuma de sentimentos. A praça se tornou um cenário de seres sem personalidade. Uma convenção de fantoches.
Perfurando a atmosfera poeirenta da praça, os dois homens, enfim, tomaram posição de combate. Antes disso, o desafiado lançou a rosa aos pés da donzela. Com o rolar na terra seca, as pétalas que eram amarelas e radiantes, receberam uma camada lúgubre de poeira. Eram as lágrimas do moço que haviam embebido a flor. Foi uma maneira que Ele encontrou para deixar claro que a sua expressão – escondida pelo chapéu negro que trazia ao cabeçar – era de profundo amor e dolorosa paixão.
A donzela, com o peito em espinhos, beijou a rosa e sentiu a pele do Rapaz. Sentia-se mal por ser tão linda e um bem social. Sentia-se demasiadamente intranqüila por permitir um duelo daqueles onde o produto final era Ela. Em verdade, sentia-se um objeto de mérito.
O desafiante vendo que o rapaz estava sem armas lançou fora sua cartucheira e seu trinta e oito, queria que o duelo fosse ao braço. Fez tal encenação por honra, mas sabia ele no íntimo do seu ser que queria descarregar um balaço nos olhos daquele desvairado que se submetia a um duelo sem armas apenas com uma rosa. Para todo efeito não entendeu que a arma do louco era a própria rosa, que já havia roubado mesmo antes do duelo o amor da morena.
Quando os dois colocaram-se faces a frente uma das outras, trocaram olhares profundo, mas diferentes. O desafiante, que estava com o peito estufado, respirou forte lançando o bafo quente na face do que já se fazia dono do coração da doce jovem. O rapaz devolveu tal ato com um olhar fixo nas botas do desafiante, como desviasse o olhar por medo. Ou seria por prepotência e deboche.
Frustrando todos aqueles que estavam a olhar a cena e que esperavam a sangria a doce morena compadeceu-se. Interrompeu a luta antes que os dois rolassem ao chão. Sua consciência chegou ao limite extremo. Não queria ela ser disputada aos socos e ponta pés.
Coitada, a morena teve um triste fim. Foi para a cela. O xerife, alegando transtorno ao divertimento público, prendeu a garota. O padre apoiou tal ato do xerife dizendo que Deus é o único capaz de intervir em uma batalha entre homens. Há quem diga que a moça, durante os dias em que estava presa, recebia diariamente rosas e poesias pela janela da cela.
Após sair da cadeia a doce Morena que se chamava Maria fugiu. Mesmo por que se viesse a caminhar pela praça pública seria no mínimo espancada por aqueles que se frustraram por não ver a sangria. O rapaz da rosa também não se viu mais. Dizem até que os dois fugiram juntos. O valente ouviu alguns conselhos do padre, que disse ter visto em tal estória um chamado para o tal rapaz. Foi para o seminário, vai virar Padre!

Augusto Cesar Seifert & Pedro Henrique Leite.
Maio de 2006.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Francisco Beltrão também participa da 7ª Semana de Museus

A decoração da entrada do museu, peças de
porcelana e uma radióla ao fundo

O livro informativo da 7ª Semana de Museus, organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBAM inclui Francisco Beltrão no circuito de comemorações

Francisco Beltrão está inserido nas comemorações da 7ª Semana Nacional de Museus. A exposição apresenta uma mostra de chaveiros, selos, flâmulas, material de propaganda política, geloucos, presépios, moedas, cédulas e relíquias de colecionadores de Francisco Beltrão e região. A exposição permanece até o dia 30 de maio, das 9 às 21 horas no Museu de Colonização junto ao Parque de Exposições de Francisco Beltrão.


Na foto o presidente da Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão,
Ivo Santo, Prefeito Municipal, Vilmar Reichemback e Tânia Ghedin, diretora do
Departamento de Cultura na abertura oficial do museu.

SESC/FRANCISCO BELTRÃO, APRESENTA: PROJETO Sonora Brasil “Violão Brasileiro”

DIA: 02/06/2009 às 20h, na Tenda Cultural do SESC
INFORMAÇÕES:no SAC da Unidade – 46 - 3524-2627

Em Francisco Beltrão, a primeira etapa do Projeto Sonora Brasil será exe¬cutada pelos músicos Daniel Wolff, do Rio Grande do Sul, e João Pedro Borges, do Maranhão.
Wolff e Borges interpretarão, a obra de compositores que contribuíram para a consagração do violão, como sendo um dos instrumentos mais representativos da cultura musical do Brasil, desde a tradição oral até a música de concerto.

JOÃO PEDRO BORGES (MA) – Natural de São Luís, do Maranhã, Borges estudou, no Rio de Janeiro, com o violonista Jodacil Damaceno, com o compositor Ian Guest e com o violonista Turíbio Santos, com quem fez cursos de técnica e interpretação. Atuou como solista com a Orquestra de Câmera do Brasil, Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e com a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro.
Em carreira internacional é marcada por ministrar cursos, conferências e concertos no continente Africano. Realizou turnê pela América do Sul, foi solista no Lincoln Center, em Nova Iorque, no recital de Música Brasileira e participou do VII Carrefour Mondial de La Guitarre, como professor e recitalista, na Martinica. No campo discográfico, destacou-se como produtor musical de vários artistas eruditos, tendo recebido o Prêmio Sharp de Música, pelos melhores discos clássicos de 1993 e 1995.

DANIEL WOLFF (RS) – Primeiro Doutor em Violão do Brasil, Daniel Wolff é formado pela Escuela Universitária de Música de Montevidéu. Agraciado com bolsas de estudo da Capes e CNPq, obteve Mestrado e Doutorado em Música na Manhattan School of Music de New York, recebendo o “Helen Cohn Award”, oferecido ao doutorando de melhor desempenho.
Catedrático de violão da UFRGS, criou o curso de Mestrado em Violão e é constantemente requisitado para ministrar cursos e master classes em universidades e festivais de música nos continentes americano e europeu. Também foi professor visitante da Universidade de Arte de Berlim.
Compositor e arranjador, teve suas obras tocadas e gravadas por orquestras e câmaras do Brasil, Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Itália, Alemanha e Inglaterra.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Leandro Dourado: filósofo e artista multifuncional

Rodrigo Mello Campos
Edição: Gabriela Luisa Titon


Assisti a algumas peças do cara e sempre tive curiosidade de saber como ele consegue fazer isto, arrumei o telefone e marquei hora. Combinamos de nos encontrar na padaria Mel, uma quadra abaixo da Policlínica. Detalhe: há duas ou três padarias do mesmo dono, com este mesmo nome. Entretanto, a padaria que indiquei a Leandro mudou de nome. Após algum empenho, nos encontramos para falar de teatro. Também estava presente Rafaela, atriz e lutadora de Kung -Fu.

Leandro Dourado, roteirista e diretor do grupo de teatro Gayatri, é formado em Filosofia pelo Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná (UNICS), em Palmas. Antes da faculdade, já trabalhava com teatro. Durante a graduação, pagava os estudos e a pensão com o dinheiro da arte cênica. Com o apoio de Lucy S. B. Nazaro, coordenadora do curso de Letras, o grupo Cotex' Ação, dirigido por Dourado, chegou a ganhar o primeiro lugar no festival em União da Vitória.

Suas composições dramáticas geralmente conquistam boas colocações em festivais. A primeira que escreveu chama-se "A casa que espantava", uma comédia que brinca com a idéia da morte e que além de ser traduzida para o esperanto foi apresentada em Fortaleza. A segunda peça, "Palmas ao sopro do vento", faz parte do projeto Paranização, cuja finalidade é incentivar os artistas fora da capital e dos grandes centros urbanos. Ela narra a história de três religiosos que migraram para a região: Redempto, Solano e o famoso Frei Policarpo. Por mérito, participou do Festival Internacional de Londrina (FILO). Orgulhoso e emocionado, fala que é sua maior vitória. Depois destas peças não parou mais de escrever.

O homem também é desenhista. Na segunda peça, produzia efeitos especiais sobre o retroprojetor. Ou seja, ele desenhava o cenário na hora e também soprava uma caixa de acrílico com penas, a fim de expressar o vento no telão.

Em 2007, inspirado na obra "Cândido" de Voltaire, escreveu a satírica "Quem matou Artur", síntese das histórias de heróis medievais. Lá, encontram-se Rei Artur, Robin Hood e os Três Mosqueteiros. Uma das críticas facilmente percebidas é contra a Igreja Católica, pois as freiras, que usam decotes, provocam os outros personagens e a platéia.

A última peça apresentada chama-se "Memórias do Oriente". A primeira versão foi premiada no Festival de Artes da Rede Estudantil (FERA), cujo tema era a imigração japonesa. Nesta variante, os loucos se comunicavam pelos versos de Paulo Leminski, e todos falam através de Hai-Cai. A atual versão, expandida, contém cenas de Kung-Fu e faz analogia a novela chinesa "O Tigre e o Dragão", do escritor Wang Du Lu. A música e as cores são fortes, lembrando assim o cinema e a animação oriental. O responsável pela coreografia é Ben Hur Heckmann, mestre em Kung-Fu. A peça pode ser considerada um caldeirão da cultura oriental.

Doze anos de luta aliados a prêmios não é para qualquer um. Ainda bem que existe gente assim. Falta público prestigiando os artistas locais, todavia, eles viajam muito para mostrar o trabalho. Contudo, por que será que os pato-branquenses sempre lotam o teatro Naura Rigon quando aparece alguém de fora?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Secretaria estadual da Cultura abre inscrições para concursos

Redação

Estão abertas as inscrições da 19.ª edição do Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio e do Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody, promovidos pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.

Os interessados poderão enviar suas obras até o dia 31 de julho e cada candidato pode apresentar até três contos ou poesias inéditos, com tema livre. Informações podem ser obtidas na Rua Ébano Pereira, 240, em Curitiba, pelo telefone: (41) 3321-4738, email: rosisalomao@seec.pr.gov.br ou pelo site: www.pr.gov.br/seec.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O dia em que pato-branquenses e beltronenses se encontraram na capital


Parecia um bar da região, não pela arquitetura e decoração, e sim, pela quantidade de figuras carimbadas. Os rostos eram conhecidos. A banda, idem. Só a cerveja popular do local não era a mesma consumida com frequência no Sudoeste.
O lugar da festa, Sheridan’s Irish Pub, definido como um bar irlandês, foi o ponto da reunião dos pato-branquenses e beltronenses que seguiram à capital do Estado para curtir um grupo britânico, mas acabaram um dia antes, graças à agenda, prestigiando a sudoestina Radiophonics, que recentemente fechou contrato com o bar.
Há tempos a banda pensava em alçar vôos maiores, fugindo do esquema-estrada-Pato-Beltrão. Inclusive, chegaram a tocar em São Paulo, capital, quando puderam divulgar o CD demo “Mosaico”. Algo que agora está acontecendo em Curitiba, onde o grupo tocará todas as sextas-feiras no Sheridan’s, localizado no meio da concentração de bares do Batel.
Após uma chegada conturbada, devido ao alto fluxo de carros pela avenida, o espaço em frente ao palco foi lotando de jovens de Pato City e Chico Bel. O forte sotaque do Sudoeste era abafado pela banda de abertura que tocava covers do Creedence Clearwater Revival. Nada mal, mas não empolgava muito.
No canto direito do lugar, uma pequena concentração de alegria iniciava um aquecimento etílico. A cada pessoa que abria a porta, gritos de reconhecimento alertavam que a noite prometia. Última canção. Ufa. A proto-história do Creedence encerrava o set list. No telão, aquele clipe do Red Hot Chilli Peppers que simula um jogo de videogame. A Radiophonics sobe. Um outro clipe entra. Madonna se contorcendo na fase “Ray Of Light”. Mais rostos conhecidos entram no local. Muda o clipe. Morrissey pós-Smiths. Uma pequena microfonia evidencia. “Atenção o Show Vai Começar”. Primeira faixa do disco demo. E assim iniciava a apresentação da Radiophonics, grupo formado por Digão (guitarra/voz), Jabuti (guitarra/vocal), Brod (baixo/vocal) e Marcelo (bateria).
A energia canalizada percorria entre as pessoas. A noite estava propícia para a diversão. Som ótimo, local também. Foi admirável presenciar a banda tão entrosada e tocando com vontade a enigmática “Eulália”, música própria de versos que formam um quebra cabeça de contágio. O público sudoestino, lógico, em uníssono acompanhou a melodia. O vocalista abre um sorriso e solta a já clássica: “massa, meu!”.
Com um set list que não deixava tempo para sossegar e por vezes executando as composições do disco demo, a Radiophonics chegou a um nível de engranzo que comprova a boa fase a qual está passando. Se o reconhecimento regional já existe, é questão de tempo para alcançarem prestígio estadual. Por mais que a concentração de pato-branquenses e beltronenses tenha proporcionado o agito, a banda também conquistou o público não sudoestino do bar.

CD demo
Intitulado “Mosaico”, o grupo vem divulgando e distribuindo o trabalho demo pelos locais onde tocam. Aos interessados, algumas das canções podem ser encontradas no www.myspace.com/radiophonics.
Gravado em um esquema “do it yourself”, as músicas próprias apresentam um apelo pop sem serem pasteurizadas. Certos arranjos se mostram crus de um propósito que se enquadra em adjetivos positivos, como na canção “Único Amor”, uma balada de melodia perfeita que cresce nos berros do vocalista.
Na bolachinha também se encontra a já clássica “Eulália” e as músicas de trabalho “Mosaico” e “Ela Me Faz Pirar”, que tem todas as qualidades para tocar no rádio, ser tema de casal teen de folhetim ou trilha para algum filme do Jorge Furtado. Agora, para a banda, tudo é uma questão de tempo, pois o caminho já começou.

Leonardo Handa – Jornalista (DRT 6323-PR) – www.leonardohanda.blogspot.com

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A boa e velha máquina de escrever*


Por Lucas Carniel

Ouvia-se de longe o barulho alucinado das teclas por detrás das portas de escritórios, órgãos públicos, redações de jornais... Num passado não muito distante, a máquina de escrever era acessório indispensável para o trabalho de muita gente. No dia 24 de maio é comemorado o Dia do Datilógrafo

Entrar na Clínica das Máquinas, de propriedade de Elcio Marafon, é fazer uma viagem no tempo. Calculadoras de manivelas antiguíssimas, precursoras das modernas HPs, balanças de supermercados, computadores da década de 90 e centenas de outras peças de máquinas que um nascido no século XXI não faria a menor ideia do que era ou para que eram usadas. Mas o acessório que merece destaque e até mesmo certo carinho no comércio de seu Elcio é a máquina de escrever. Olivetti’s, Ramigton’s, Facit’s, dezenas de marcas de máquinas que foram responsáveis pela elaboração de documentos, memorandos, textos jornalísticos e, quem sabe, românticas cartas de amor datilografadas com toda a fúria, fazendo aquele barulho característico (tec tec tec tec...) que só quem teve o prazer de elaborar na boa e velha máquina de escrever sabe como é. Para onde se olha, um pedaço do passado da história de Francisco Beltrão é lembrado e contado pelo mecânico, que não esconde a saudade que sente do tempo em que eram feitos coquetéis de lançamentos para as máquinas mais modernas e quem não tivesse um curso de datilografia (feito na extinta Escola de Datilografia Silvana, em cima de onde hoje é a loja de calçados Zariff) dificilmente arranjaria um bom emprego.
“No fim da década de 70 trabalhava na Comagil, que vendia e consertava máquinas de escrever para toda a região Sudoeste. Eu limpava as máquinas com um banho químico e fazia manutenção das mesmas em toda a região”, recorda. “Naquele tempo máquina de escrever era o auge, todo mundo queria ter uma. Os filhos sonhavam com elas para o presente de Natal ou de aniversário e quando ganhavam era uma alegria só”, lembra Elcio, que até hoje vende máquinas de escrever usadas.

Cursos de mecânica em São Paulo , na empresa Olivetti, clássica marca de máquinas, fazem parte do currículo dele, prova da importância de seu trabalho para as empresas e pessoas que tinham uma máquina de escrever. “As vendas, principalmente entre os anos 1978 e 1985 eram intensas. Toda semana pelo menos trinta máquinas eram vendidas, sem contar as várias manutenções que fazíamos todos os dias. Na cooperativa Coagro, de Capanema, que tinha centenas de máquinas, a gente começava a fazer a manutenção no começo de novembro e só acabava no final de dezembro”, recorda.

Silêncio, rapidez e modernidade
O lançamento da máquina de escrever eletrônica, em 1983, foi o começo de uma era de modernidade, rapidez e silêncio, pois elas não faziam aquele barulho estridente. Seu lançamento no município teve até coquetel, como contará em breve nossa próxima entrevistada. Mas por enquanto, vamos nos ater às memórias de seu Elcio. “As máquinas de escrever eletrônicas eram bem mais confortáveis, diminuíam os esforços para bater na tecla, mudar as maiúsculas paras as minúsculas e recuar o carro. Eram bem parecidas com os computadores, embora não tivessem acesso à internet. Elas tinham alguns acessórios adicionais que as antigas não tinham, tais como corretor automático, no caso de um erro. Caso houvesse um equivoco na datilografia, com as máquinas mais velhas, tinha que se usar uma papelete corretivo ou, no caso das mais antigas ainda, um corretor líquido ou o velho lápis borracha”, descreve o mecânico, enfatizando que a sujeira era grande causadora de estragos nas máquinas. “Isso soltava as letras(tipos) e estragava os teclados. Embora muita gente que tivesse comprado recentemente se enganava e a colocava no modo neutro, então, quando ia datilografar, a folha saia em branco ou colocava a tinta vermelha com o intuito de escrever com tinta preta e vice-versa”, comenta.

Comprou uma máquina de lavar com o dinheiro da manutenção
Para se comprar uma máquina de escrever nova, hoje, o preço gira em torno de 800 reais, enquanto uma velha, 250. Entretanto, antigamente, os preços eram equiparáveis aos computadores, cerca de 1.200 reais. “As manutenções tinham que ser feitas a cada sessenta dias, mas de vez em quando era bom dar uma passada na loja para fazer um check-up. Lembro que com o pagamento de uma revisão que fiz em um estabelecimento consegui comprar uma máquina de lavar roupa à vista”.
O advento do computador e, principalmente, da internet, quase fez morrer as máquinas. Porém, para alguns nostálgicos, ela é insubstituível e isso é o que não as deixa desaparecer das prateleiras da Casa das Máquinas. “Ontem mesmo (quinta-feira) fui fazer uma entrega de máquinas para a empresa Folem, de Enéas Marques, isso não deixa que as máquinas de escrever morram. Claro que o movimento caiu muito nestes últimos anos, mas a gente ainda vai continuar comercializando”, enfatiza ele, destacando que a loja teve que começar a se adequar aos aparelhos cada vez mais modernos que iam surgindo com o passar do tempo. “Conforme o movimento para compra da máquina de escrever foi caindo, tivemos que começar a comercializar outros produtos, como balanças eletrônicas, impressoras, no entanto, as máquinas continuam a ter lugar de destaque aqui na loja”, afirma.

Curso de datilografia ainda é importante
Muitas pessoas se lembram da Escola de Datilografia Silvana, responsável pela formação de centenas de pessoas entre os anos de 1972 e 1994. A reportagem entrou em contato com a diretora da escola, Edi Adiles Sangaletti, que lembra com muito carinho o tempo que dava aulas de datilografia. “Antes de abrirmos nossa escola só tinha aulas de datilografia no Colégio Nossa Senhora da Glória. Então percebi a necessidade e a importância que principalmente os jovens de Beltrão tivessem esse curso, que era um importante passo para a entrada no mercado de trabalho”, descreve Edi. “Abrir a escola foi a melhor coisa que fiz, por que muitas pessoas saíram preparadas da escola e hoje têm empregos excelentes. Fico muito contente quando encontro meus alunos na rua e vejo que eles têm um bom emprego”, acrescenta.
Quem tinha um diploma da Escola Silvana, (diploma reconhecido pela Secretaria do Estado de Educação) podia ter ótimos empregos, mas nada disso era em vão, pois as aulas eram consideradas bastante rigorosas. “Colocávamos uma tabulação em cima do teclado para que eles não olhassem para baixo na hora de datilografar e gravassem na memória as posições. Depois que eles sabiam onde estava cada letra, começavam a datilografar textos”. O curso durava em média três meses. “Depois de tudo feito eles prestavam o exame, se tirassem boas notas ganhavam o certificado de conclusão, caso contrário tinham que fazer quantas vezes fosse necessário, até que fossem aprovados”.
Ela lembra com muito carinho dos ex-alunos. “Tive muitos. Com certeza mais de 1.000. Era maravilhoso dar aula, porque nunca me incomodei, sempre tive alunos muito bons e educados e a maioria era bastante esforçada e concentrada, apesar de alguns insistirem em olhar por debaixo da tabulação. Apesar disso, poucos não passavam nos exames com boas notas”. Para a ex-professora o curso de datilografia ainda é importante. “Os jovens de hoje não sabem posicionar os dez dedos e muitos não conseguem digitar sem olhar para o teclado. Por isso acho que o curso de datilografia ou o de digitação é muito importante”.
Ela fechou a escola por motivos de saúde, entretanto, o novo proprietário não deu continuidade às aulas. Os 22 anos que a escola funcionou serviram para capacitar gerações de famílias. “Advogados, médicos, até o prefeito passou pela minha escola. É a época da minha vida que mais tenho saudade”, complementa.

"A gente nem sonhava com a informatização"
A nota 6,0 obtida na Escola Silvana, por Marlei Terezinha Silva, foi conquistada a troco de muito esforço. “Trabalhava como repositora num supermercado, ia para o curso (que era três vezes por semana) e depois saia correndo para não perder a hora na escola”, comenta Marlei .
O certificado de conclusão do curso foi o suficiente para que Marlei, hoje secretária da Acamsop-13 (Associação das Câmaras do Sudoeste do Paraná) mudasse de emprego. “Ter o diploma da Escola Silvana era quase como ser doutor. Ficava muito mais fácil para arrumar um emprego. Depois de acabado o curso comecei a trabalhar no escritório da extinta Livraria Irmãos Menon, onde fazia faturamentos, duplicatas, tudo isso feito pela máquina de escrever”.
Marlei lembra que o lançamento da máquina de escrever eletrônica, de marca Olivetti, em Francisco Beltrão foi feito com um coquetel na Comagil. “Veio até algumas moças da Olivetti de Curitiba para explicar como funcionava a máquina. Foi uma festa muito grande e isso em meados dos anos 80, num passado não tão distante assim, mas a gente nem sonhava com a informatização. Poucos anos depois começaram a vir os computadores e as máquinas de escrever perderam um pouco seu brilho”.
Quando Marlei começou a trabalhar na Acamsop ainda se usava a máquina de escrever eletrônica, presente até hoje na sala da secretaria, dividindo espaço com um moderno micro computador. “Mas foi no curso que aprendi a datilografar o que facilitou muito para aprender a digitar no computador”, reconhece.


*Matéria publicada na edição de sábado (16-05) do Jornal Aqui Sudoeste


quarta-feira, 20 de maio de 2009

Documentário resgata a história do jazz em Curitiba

Filme mostra o depoimento de cinco gerações de músicos de jazz que fizeram
e fazem parte da noite curitibana. Na foto, o músico Paulo Branco.


Por Cintia Végas

Filme mostra o depoimento de cinco gerações de músicos de jazz que fizeram e fazem parte da noite curitibana. Na foto, o músico Paulo Branco.

Um pouco da história do jazz em Curitiba é resgatada no recém-lançado documentário Música subterrânea, que mostra um bate-papo entre integrantes de cinco gerações de músicos de jazz que fizeram e fazem parte da noite curitibana. Dirigido pelo cineasta Luciano Coelho, o trabalho foi realizado através de edital de patrimônio imaterial da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

“Para a produção do documentário, que foi produzido ao longo de um ano, foram ouvidos quarenta músicos de jazz que fizeram ou ainda fazem parte do cenário musical de Curitiba. Tivemos muita sorte, pois durante a realização do trabalho, muitos músicos que estavam fora vieram tocar em Curitiba e puderam ser ouvidos”, diz Luciano, que também é responsável pela edição, direção de fotografia e de câmera do documentário.

O jazz é um estilo musical norte-americano que tem como característica principal a improvisação. Ele teve grande influência no surgimento da Bossa Nova, que no ano passado completou cinquenta anos de criação, e foi muito forte na capital paranaense nas décadas de cinquenta e sessenta. Nas noites curitibanas, era ouvido em bares como o La Vie en Rose, Marrocos, Moulin Rouge, King’s Club, Gracefull e Clube Tropical.

“Muitos músicos de gerações mais antigas que participam do documentário contam que, na década de cinquenta, o jazz começou a ser tocado no rádio em Curitiba. Eles começaram a ouvir as músicas, a se interessar pelo estilo e querer tocar, por exemplo, como Nat King Cole. Desta forma, o jazz começou a ganhar espaço na noite da cidade e a ser tocado em muitos bares”, comenta Luciano.

Segundo o cineasta, muitos músicos que começaram a tocar jazz em Curitiba foram fazer carreira fora da cidade. Entre os que ficaram, ele destaca os pianistas Fernando Montanari e Gebran Sabbag.

“Músicos da cena local também tiveram influência na origem da Bossa Nova. Exemplo disso são o baterista Guarany Nogueira, que é citado como o criador da batida da Bossa, e o maestro Waltel Branco, que fez os arranjos da música Chega de saudade, para o disco de João Gilberto.”

Hoje, de acordo com o saxofonista Helinho Brandão (que tem 50 anos de idade e toca jazz desde os 16), a capital paranaense, se for considerado o número de habitantes, tem mais locais para se tocar jazz do que as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

“Tudo depende muito da atitude individual dos músicos. Em Curitiba, geralmente são eles que vão atrás de locais para tocar, sendo que sempre acabam encontrando. Na minha opinião, o público da cidade é ótimo. Muita gente aprecia jazz, desde os mais jovens até os mais idosos. Inclusive, nas apresentações que acontecem antes das 23 horas, muitas famílias levam suas crianças, o que incentiva o conhecimento e o gosto pelo estilo musical.”

terça-feira, 19 de maio de 2009

“The new Titanic. Buy the ticket here.”

Realmente o sistema capitalista é decadente. Ou ascendente? Coisa bonita de se ver é uma empresa faturando milhões e se tornando famosa entre o hall dos bacanas. A ascensão social derivada das oportunidades de negócio que surgiram após a queda do feudalismo. Fatos que fizeram do nosso mundo uma corrida pelo sucesso. Eu não quero ser hipócrita, quero dinheiro também, mas ao invés de uma BMW eu compraria um maverick, essa diferença faz toda a diferença. Não é dando desculpa para eu ser capitalista também, mas eu não vou mudar o mundo tão rápido, por isso escrevo.

Voltando ao assunto que coisa linda que é o sistema burguês. Estava lendo um jornal e trouxe numa manchete que reinventaram o TITANIC. E vão fazer todo o passeio que a jangada de chumbo fez só que dessa vez será completo, sem interrupções ou paradas eternas, é o que dizem. A grana por esse passeio deve ser em torno de alguns mil dólares. O que tem a ver o New Titanic com o Capitalismo que cito das primeiras estrofes? É para se pensar. Transformaram a tragédia em filme, faturaram milhões, agora vão reinventá-lo e tudo isso gerando lucro. Pena que todos os mortos no acidente não ressuscitarão para ver seus covers na telinha. Mas será que mostrando alguns milhões de dólares que essa indústria cinematográfica já faturou não levanta defunto do caixão? Alias, do fundo do mar?

Tem gente que agradece que o navio afundou. Di Caprio? Não sei, mas eu agradeceria se eu fosse esse boiola. Outra coisa o diretor do filme é outro que devia rezar todas as noites pela alma do Titanic.

Acho importante lembrar do acontecimento, mas não comemorar com champanhe e chuva de dólares esse fato. Sou crítico quanto a isso pois penso que é muito apelativo. E outra digo mais, analisando subjetivamente, o Titanic nunca afundou, só faturou.

Leu? COMENTE – OPINE!

Augusto Cesar Seifert – Hoje.

sábado, 16 de maio de 2009

About Le Socian



A Banda "Le Socian" é bem alternativa. Primeiro porque recusam-se a tocar cover. Por somente tocar música própria, é difícil convite para apresentação em casas noturnas. Como definir algo tão estranho como Socian, aquele remédio tarja preta? Bem, entre os compositores, há Diego da Cruz e João Faccio, estudantes de letras, escreveram poemas para uma fanzine de minha autoria - Sindromina. O baterista chamado Christhian cursa arquitetura. Entretanto, o guitarrista Leonardo estuda na escola da vida.
Grande parte dos músicos de maior experiência no rock'n'roll de Pato, como o pessoal da Madona Bége, apoia e defende o som dos piás como algo inovador e interessante. Sucesso da crítica, contudo, nos shows em bares, eles costumam expulsar o público, talvez pela depressão das letras, cuja melancolia me lembra Joy Division.
Sou suspeito para falar dessa banda, porque considero-os irmãos. Enquanto eu desenho eles tocam.
Desde 2007, é organizado um evento no teatro Naura Rigon idealizado por eles, com a colaboração do Tayrone Matiello. Lá no teatro, o público que os selecionou pode apreciar a música confortavelmente, e lá não expulsam ninguém, muito pelo contrário, cada ano a platéia aumenta. No primeiro ano, além da Le Socain, tocou MC FLYS, MADONA BEGE e TANGO OU MAMBO fez uma palhinha, sem contar a participação especial do coletor de latas TCHUMPÁ - figura carimbada nas ruas da cidade.
No segundo ano foi a vez de tocar Tango ou Mambo e Le Socian, detalhe, a Tango tinha acabado, e só voltaram aos palcos porque era o tal evento, muito bem organizado, doze meses de antecedência.
Sábado, como de praxe, fui ao ensaio da banda, trouxe comigo macarronada com galeto (festa do bairro bortot). Enquanto eu e um intruso decepavamos a panela, eles tocavam, notei aquela diferença entre comer, e comer com música ao vivo. Mas principalmente, comer ouvindo música original e de qualidade.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Motel para Milionários em Júpiter? Depósito de lixo na Lua? (Bicho curioso)

Avião? Não. Não poderia ser. Ou poderia? Eu sabia, mesmo eu que crescera em um aeroporto, que aquele ruído não era um avião qualquer. Deparei-me olhando os céus com um olhar crítico a tal barulho. Relembrei minha infância por alguns segundos. Quando era menino ranhento e barrigudo, esticava o pescoço para fora da janela quando qualquer aeronave cortava o céu, e acreditava que meu pai estava lá dentro. Meu pai era piloto de aviões. Minha mãe ainda ajudava nessa mentira, ordenava para que eu acenasse. E eu, uma criança ingênua, acreditava e acenava com a mão entre aberta de um lado para o outro.

Fitei meu caro amigo que presenciara o fato junto a mim e indaguei o tal barulho. Era ensurdecedor, mesmo assim ele afirmara que era normal passar aviões comerciais em cima do seu edifício. Mas não, eu discordei, e logo ele me disse "-Você está louco!". Meu olhos estavam arregalados, saltados para fora daquela janela procurando o tal objeto voador não identificado. Com meu coração disparado, como se trotasse junto a cavalos bravos presenciei novamente o tal barulho. Fiz o mesmo ritual para ver o dito objeto, mas em vão, não encontrei nada além de nuvens cinzas. Eu sabia que em breve presenciaria momentos críticos na humanidade, guerras, pandemias etc.. mas não naquele exato momento. Meus ouvidos depararam-se com outro barulho, bem conhecido por nós, tiros. Podia-se ouvir o zunido das balas cortando os céus. Uma guerra? Podia ser, mas até então a minha pessoa não conseguia tirar conclusões do fato.

No dia seguinte, que por sinal amanheceu com um maravilhoso céu azul onde as flores do jardim da minha vizinha pareciam olhar para mim e dizer bom dia, eu não acreditei no que meus olhos fitaram nas manchetes dos jornais. O mundo estava sendo invadido por "deploráveis criaturas" como diziam. Deploráveis? Eu dei razão aos bichos invasores. O que o homem tinha que fuçar no infinito do universo! Homem curioso. Esse é o problema, já não basta a terra do jeito que está, ela sim esta deplorável, mas por causa do dedo mágico do homem. Possivelmente os ETs ja fizeram uma previsão, logo o homem inteligente por si só, iria arranjar um jeito de destruir o resto do universo. Talvez, fazendo na lua, um depósito de lixo ou mesmo abrindo bordéis milionários em júpiter. Tudo pela curiosidade. Certa vez li o depoimento de um índio (um dos que sobraram), a vida é pra se viver em harmonia, sem muitas tecnologias. Já um milionário, que deve ser pelo dinheiro que agarrou a causa, afirmou que o homem tem capacidade para dominar o universo. Ele que domine a sua cara de pau.

Augusto Cesar Seifert

terça-feira, 12 de maio de 2009

Entre a Cruz e a Espada.

Seguindo minha rotina pus me a trabalhar. Só que para chegar ao rumo desejado eu teria que encarar a espera por um ônibus debaixo de um sol de quarenta graus. O ônibus sempre demora para chegar, ainda mais quando temos pressa e dessa vez ele tardou mais uma vez e por longas 2 horas fiquei em pé naquele ponto de ônibus de que nada me inspirava. A minha cara amarrotada mostrava que eu estava cansado de ver aquelas mesmas pessoas e uma ou duas chegarem para apoiarem junto a tão desejada chegada do ônibus.

- Lá vem ele! - Disse uma senhora eufórica que expressou um sorriso de felicidade.A expressão de alívio surgiu no olhar de todos que estavam esperando.

Primeiro as damas,depois as senhoras, logo após os senhores, depois eu, o moçoilo da história. Subi degrau por degrau almeijando sentar-me e
regozijei de alegria com o ar condicionado que estava no máximo. Mal sentei e o motorista arrancou.

Alguns pontos para frente o ônibus parou, como tantas vezes que já parou apara embarcar ou desembarcar alguém. Mas nessa parada que cito subiu no ônibus uma figura que é o motivo das tais linhas que discorro. Subiu, e vagarozamente, como se tivesse com algum probelma na perna, dirigiu-se até o último banco do ônibus, abriu a janela e sentiu o mesmo alivio que todos haviam sentido na chegada do ônibus, após uma longa espera.

Após alguns kilomentros percorridos o ônibus parou na frente de uma guarita da Polícia Rodoviária Federal e pediu para que o senhor desembarcasse. Até então não entendi a situação. O senhor começou a andar vagarozamente nisso tomei-me como um homem barbado e perguntei ao cobrador:

- O que aconteceu? Por que ele vai descer?
- Ele não tem dinheiro pra passagem. - respondeu o moleque.
- E você vai expor ao ridículo, esse senhor que deve ter mais de sessenta anos? Descer na frente da guarita como bandido por não ter uma valor insignificante de
dois reais e trinta e cinco centavos? Isso é discriminação sabia?
O cobrador respondeu:
- Foi o motorista que mandou e tem um fiscal no ônibus.
- Não interessa - respondi, olhei para o senhor e continuei: - Pode sentar-se amigo, pagarei sua passagem, você é como todos aqui, usuário dos meios de transporte.

Eu me senti um político. todos me olharam e pensaram olha que bonito o que esse rapaz fez. Eu percebia isso no olhar das senhoras que adorariam ter-me como neto. As mulheres olhavam e me desejavam como seus genros. Sem exagero, se eu me candidatasse a algo naquela tarde teria, daquele onibus 40 votos. Mas eu não esperava que essa visão fosse mudar.

Aos poucos uma marofa de chulé misturada com um cheiro que não sei nem explicar começou a invadir o ônibus. Nos vidros sempre há aquele adesivo "Janelas Fechadas - Ar Condicionado", ninguém respeitou, e assim comecaram a abrir as janelas. Eles me olhavam como se eu não fosse mais o mocinho e sim o vilão. Minha popularidade caiu uns setenta por cento. Quem estava por perto do andarilho começou a trocar de lugar, quase sentaram no colo do motorista. Todos queriam sair de perto do coitado que fedia a merda. E eu tive que aguentar o odor, pois não estaria fazendo jus ao meu discurso. Mas ele era um ser humano como qualquer outro. Eu tinha consciência, mesmo fedendo podre, flatulento. Como fosse. E eu tinha certeza que aquelas garotas, e senhoras que faziam cara de nojo ao sentir o odor não aguentariam dar um beijo no rosto do coitado. Aquilo foi um prova de que muitas pessoas acreditam em estereótipos pré defenidos. Bem sei eu que a sociedade exige banho e é bom. Mas alguém naquele ônibus sabia o que a vida fez com aquele pobre homem para que ele ficasse daquele jeito? A reposta era Não. Só sabiam que ele fedia, e não tomava banho a meses.

Augusto Cesar Seifert

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mágico internacional se apresenta em Renascença

Tomas foi um dos vencedores de espetáculo na rede Globo no programa do Faustão

Crianças no palco com o mágico

Neste dia 4 de maio esteve se apresentando na cidade de Renascença o Mágico Fernando Javier Gordillo, conhecido no mundo artístico como mágico Tomas.
O espetáculo, promovido pela Divisão de Cultura, foi realizado no Centro de Eventos do parque Yara onde crianças das Escola Ida Kumer, Creche, Apae e e alunos da 5ª e 6ª série do Colégio Estadual foram ver de perto este grande espetáculo internacional.

A Prefeitura Municipal propôs o espetáculo gratuito para as crianças. Tomas que reside em Buenos Aires - Argentina esta realizando uma turnê na região Sudoeste, onde iniciou na cidade de Renascença a convite do chefe da Divisão de Cultura Vilmar Mazzetto. Crianças professores e o Prefeito José Kresteniuk participaram do espetáculo. Tomas veio de uma turnê recente de Santa Catarina.




Nestes vídeos o mágico faz alguns truques para a imprensa presente na eleição da 14ª Divisão Regional de Cultura do Paraná.

Vilmar Mazetto é reeleito presidente da 14ª Regional de Cultura do Paraná

Uma das iniciativas da 14ª divisão é a implantação e promoção do calendário regional de eventos

Por Jornal O Sudoeste

Vilmar Mazzetto, Diretor de Cultura de Renascença e novo coordenador da Regional, Marilda Secretária de Cultura de Pérola do Oeste e Vilson Dalla Costa, vice coordenador da cidade de Pato Branco.


Nesta terça-feira, 5, estiveram reunidos no Teatro Eunice Sartori – Espaço da Arte, em Francisco Beltrão, pouco mais da metade dos 42 Secretários de Cultura dos municípios pertencentes à 14ª Regional de Cultura do Paraná para votação, posse e reunião da nova diretoria presidida por Vilmar Mazetto, Secretário de Cultura do município de Renascença e vice Vilson Dalla Costa, Secretário de Cultura de Pato Branco. Segundo o presidente Vilmar Mazetto, o objetivo da reunião foi organizar os departamentos de cultura das prefeituras para promover grandes eventos para o sudoeste. Ainda segundo Vilson Dalla Costa, a 14ª divisão e a Secretaria Estadual de Cultura são parcerias para a viabilização de recursos para projetos em nossa região.

Na abertura os diretores de cultura do sudoeste foram agraciados com um número de ballet da escola Mirna Pecoits de Francisco Beltrão em uma cena da obra Dom Quixote. Posteriormente foi realizada a eleição onde os votos foram unânimes para os dois novos coordenadores.

Pedro Leite já está no ar, ou melhor, na rede

O compositor beltronense Pedro Leite, que está em Curitiba estudando direito, já publicou uma parte de sua miscelânea na rede mundial. Confira.

domingo, 10 de maio de 2009

Somos realmente libertos?

A liberdade é assegurada no art. 5º da Constituição Federal, que rege toda a sociedade, garantindo direitos e deveres, para conduzir o país ao bem comum, almeijando uma sociedade mais justa e igualitária.
Eis alguns trechos do art. 5º da Constituição de 1988: “... garantindo aos brasileiros... o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança...” Em outro assunto assegura: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos...”. Vemos que a base da nossa sociedade é fundamentada na liberdade, liberdade de pensamento, liberdade para ir e vir, liberdade para comprar, para ter, somos todos livres perante a lei.
Cada ser humano é livre para escolher a sua visão política, a sua religião, o seu caminho. A liberdade esta presente em variadas esferas, tanto econômica, cultural ou política, sendo então um princípio fundamental.
O pensamento Liberal Burguês adotou este princípio para justificar a ascensão social. Foi na revolução Industrial, iniciada no século XVIII, que a humanidade viu o prejuízo, a liberdade de fato tinha sido esquecida. Crianças estavam sendo postas a trabalhar, longas jornadas de trabalho em condições desumanas. Doenças, pragas, mortalidade infantil, o mundo virara um caos.
Com tempo foram surgindo direitos que prezam a liberdade humana, estabelecendo também limites até onde podemos ir, para não afetarmos a liberdade do próximo, visando à paz, a harmonia.
A palavra liberdade tem uma origem latina (libertas) e significa independência. Filosoficamente a liberdade está ligada ao livre arbítrio, ao poder de escolha, de decisão. A capacidade em julgar suas próprias ações tendo consciência dos seus atos, assumindo riscos. A capacidade de se comprometer.
Atualmente alguns mercenários espalhados pelo Brasil abusam de certa liberdade que gozam e roubam prefeituras, extorquem comerciantes, recebem a propina, afundam a economia na corrupção, esquecendo da ética e do bem comum. O que querem é uma ascensão social, um status.
Alguns dias atrás houve um caso de cárcere privado onde uma garota era amordaçada, amarrada e terrivelmente torturada. A autora das agressões teve vontade de torturá-la e posto em ação tais atitudes roubou daquela criança uma garantia fundamental, a liberdade, o direito de ir vir.
E assim com o tempo surgem novos pedidos de liberdade, os gays pela liberdade sexual, os biólogos que gritam pela liberdade de uma baleia e de um golfinho. Assim esperamos a liberdade, sem saber em que dia seremos totalmente livres.

Augusto Cesar Seifert

sábado, 9 de maio de 2009

Documentário: A História do Rock Patobranquense

O documentário é desenvolvido por Roberto De Bortoli (Beto) e Gabrielle Viaceli. O Beto é compositor e marca presença em grandes bandas desta cidade: Madona Bege, Jardim Elétrico e Eu e Mais Dois. Por isso, o cara não só conheçe a fundo esta cena patobranquense como é um dos maiores guerreiros dela.
Entre os entrevistados para o filme, encontra-se Careca, da antiga banda Laranja Mecânica. Ele conta como eram os ensaios próximos ao Colégio das Irmãs, a maneira que as freiras reclamavam do barulho, enquanto, as alunas do Colégio - fanáticas pela banda - adoravam. O filme possui uma gravação de um show em cima de um caminhão, segundo Careca, essa festa era no terreno da Itabira, aonde é o Posto Panda.
O filme relata muitas experiências. A história da Jardim Elétrico, a mais antiga banda que continua tocando nas noites da cidade, contam que já foram proprietários de um bar com mesmo nome. Também mostra a primeira formação da Bicho de Pé, o pessoal novinho, tanto que, em uma gravação o Prof. Seco está extremamente magro, deduzi que foi nesse tempo que ganhou tal apelido. Entrevista com Otávio Keubeck, discos solo gravados, sua batalha em São Paulo - como ele passou na peneira do empresário Rick Bonadio. É incrível a história da Eu e Mais Dois, entrevista com Tayrone Matiello, as músicas "Frei Policarpo" e "Batman o Bonzão".
Entretanto, o que mais me chamou a atenção é a entrevista com Mario Tagliari, o despachante Palito. O cara organizou um festival chamado Estação Da Luz, participaram 32 bandas, todo mundo foi convidado, o equipamento de som custou uma nota e teve várias carretas que o trouxeram. Não só chamaram o cara de louco, mas também de "doente". Dentre as participantes do Festival estavam Titãs, Alceu Valença, Pepeu Gomes, Barão Vermelho e Bicho de Pé. Tinha de tudo: desde piazada que não sabia ligar a guitarra dividindo instrumentos com bandas de renome até pessoal vindo de toda parte do Brasil. Com certeza é o maior festival de rock'n'roll já organizado no sudoeste!
Esse documentário entrou para os filmes favoritos, muito bem feito e simples. Qualquer um que assistir pode perceber a dificuldade, porém o prazer, de trabalhar com cultura de qualidade no interior do Paraná. Realmente, Pato Branco tem muita história para contar...

O HOMEM QUE NÃO SE COMPADECE DOS MORTOS

Assim fiquei por um bom tempo em cima da cama. Invertebrado, como se no corpo me faltasse vida, com um pouco de fome e muito cansaço. As roupas se empapeciam por entre meus vãos. Meus antebraços estavam moídos embaixo de toda minha massa, uma massa inválida, reduzida, de bruços, quase penada. Esperei muito para convencer-me que deu certo, mas que decerto não valia à pena. Lamentar pelos outros, e perder a vida por ocasião de infaustos...

Meus chinelos desabavam dos pés e atingiam o chão como decreto da minha fraqueza. Era assim que eu cairia diante de vós. Como um calçado inválido, que já não veda a pele fria e cede diante da morte. Por sobre mim o vento trazia o suor de todo um verão. E junto com ele me atropelavam histórias, odores bem conhecidos e escárnios. A vida invadia meu submundo de tristeza, e uma fria mensagem ressoava entre a franja do travesseiro e a minha orelha: “Você é o único: O homem que não se compadece dos mortos”. Da mesma forma o rebarbe da cortina. Eu estava frito...

Não sabia, na mocidade, nenhum bocado sobre isso, mas já espetava minhocas em crucifixo, ponta de caniço, talo de roseira. Bobeira, sim. Mas, para mim, motivo de sorriso. Para o meu amigo, o Matador de Bichos Rasteiros, um capricho. Eu me sentia tão mais vivo com a morte! Tinha sorte, tinha idade. Naquele tempo esse vento escarnecido e violento, era como uma brisa sem sentido. Se eu soubesse que hoje esse maldito sopro invadiria meu quarto, já o haveria matado também. De esquecimento. Fui eu quem pôs fim a uma vida inteira de erros. Minhocas são a síntese do Homem. Tanto na questão diacrônica como na visão sensata. São corpos afilados onde a boca se confunde com a culatra, e o pensamento, se esvai por sacrifícios. Na mesma linha: Homens tem ofícios, Minhocas orifícios. O que é isso? Só o começo.

Depois vieram os pequenos bichos. Na ordem sucessiva: Cães, gatos e outras vidas. Sem piedade alguma, sem peso na consciência ou insônia. Água, sal, amônia. Um pedaço de carne com peçonha. Um filete com pó de belladonna, um coquete de mercúrio, cicuta, e até carbono de carro. Não foi de todo rude estudar veneno. Alfinete no feno, Belok-zoc na lavagem. Morte por paragem, epilepsia, surto e diarréia. Toda tarde uma estréia, no espetáculo agudo da minha idéia. Eu, o jovem mais frio e matador da cidade.

Já é o bastante, mas não se inculca por prefácio dessa doideira. Adulterei mamadeira, pus dejeto em lancheira, e, toda a sexta feira botava aquilo ou isto na merenda. Ora uma pedra, ora um rato. Ora cinqüenta e cinco mosquitos, ora um sapato. Até que, do referido fato, engasgou-se um novato. De óculos grotescos, cabelo russo, expressão neutra. Vieram os paramédicos, o pessoal do prédio e demais curiosos. O Novato ficou duro. E depois disso corou muito. Abriram-lhe uma fração do pescoço, e, para quem havia engolido um osso, ficou apenas o verbete: “Viu no que dá ser guloso?”. Eu ria. Ria como um sonso.

Não queira saber! Depois dos animais pequenos vieram tantos outros, em ocasiões tão mais abrangentes... Sumiço às cabras do vigário, Progesterex em aviário, café em aquário e até um dromedário. Não duvide que pus fim à todos eles. Sempre altivo, criativo e bruto. No meu caminho nunca houve um vulto, recessão ou arrependimento. Fiz maravilhas na arte do abate, do cheque mate, do arrebate. Depois de tudo ainda tomava um mate, sossegado. Um caçador de alegrias. Um adorador do vermelho-tomate. Ou sangue, na linguagem mais besta.

Demorou até que parasse com isso. Mas, quando então, aposentei o bodoque, a arma de contrachoque a espingarda. Dissipei numa só tarde mil arapucas, mil emplastros. Meti tudo num saco, dei nó e benção e empurrei num buraco. Acabou-se a vida de assassino. Voltei a ser um menino. A sentir frio nos pés e falsa sensação de amortecimento. De quando em vez ia ao centro, comprar blusas, armarinhos, ver o circo. “Que macaco, tagarela! Que leoa preguiçosa!” Mas que nada! Nunca mais me ocorreu matar tais bichos. A não ser um passarinho aqui ou acolá para relembrar o vício. Um ou dois, vocês hão de convir que é mixaria! Que dia é hoje? É verão? Olhe pela janela e veja se não. Drummond de Andrade era um, que só contava andorinha na mão.

Uma vez curado da peraltice, fiz o que se faz na meninice, que é namorar, ir a bailes. Amiguei-me mais da grande humanidade, conheci parcela importante da população. Aquele Novato, por exemplo, tinha um nome: Konstantin Alexandrovich. Conheci-o, numa peça. Perguntei-lhe, por maldade, sobre a cicatriz no pescoço. E Ele respondeu que foi um acidente, ainda na escola. Ri à beça. Mas, depois disso, encrespei o rosto, falei “maldito osso”, e viramos amigos. Naquele ano bebemos todas. No ano seguinte também. E assim, por se dizer, continuamos bebendo.

No entanto, e, enquanto isso, pessoas vêm morrendo. Hora por morte natural, hora por acidente. Também, pessoas vêm nascendo. Do mesmo efeito sofrem as flores que murcham e florescem. Os moinhos que sobem e descem. E os cata-ventos. Mas é pelos dutos da rua que somem os odores: casas que, pelos canos, fogem; vidas, que descem pelo ralo. E, neste contexto, também somem os Homens, um por um aos seus jazigos. Até se confundirem novamente com as Minhocas, que, em festim, cavoucam um labirinto em suas caixas torácicas, ocupando exatamente o lugar onde batia o coração!

Nada mais que fatos. Pois bem. E porque não choro? Apenas meu corpo amolece e me arrebata a preguiça. Não mando rezar missa, e nem faço matéria de cobiça. Pessoas vêm morrendo de injustiça. O jornal traz na capa: “Degustador de vinhos se afoga com uma cortiça”. Ou: ”O sub-prefeito morreu na Suíça”. E levam consigo os seus pertences. Tudo para o grande labirinto da terra, lá junto das bactérias.


P. Leite

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sobre legalização da maconha e otras cositas más

Por Lucas Carniel

Outro dia, numa aula de Sociologia da escola que estudo, veio à tona o assunto sobre a legalização da maconha. Tal qual não foi minha surpresa quando vi que a maioria dos meus colegas de classe são favoráveis ao uso da planta, afinal, ela tá tão alastrada no país e pelas mais diferentes classes sociais, que não faria mal nenhum liberá-la de uma vez, pois, os impostos gerados em cima de sua comercialização, poderiam ser revertidos em clínicas de recuperação alegaram eles.
Na hora não me ocorreu e mesmo que me viesse à mente não iria falar nada (às vezes é bom ficar quieto). Mas por acaso a liberação não iria aumentar o consumo? E mesmo que não aumentasse (pois iria aumentar a fiscalização, dizem os favoráveis. Burrice na minha opinião) o uso legal da maconha não seria porta de entrada para drogas mais pesadas, como haxixe, êxtase, cocaína e tantas outras, dificultando mais ainda a recuperação do viciado? Além disso, o comércio ilegal, aquele que não incidiria nenhum tipo de imposto, não iria morrer com a legalização, pelo contrário, aumentaria, pois a lucratividade para o traficante seria maior do que para o comerciante legal da droga que teria de pagar os impostos religiosamente.
Para não cometer o erro da hipocrisia não encherei o saco de vocês falando sobre minha experiência ou não-experiência com a cannabis, tão pouco farei aqueles sermões que tudo mundo tá mais do que acostumado a ouvir. Tentarei apenas levar informação e fazer com que vocês tirem suas próprias conclusões.
Esse papinho ridículo de “legalize já, uma erva natural não pode te prejudicar” é uma das maiores asneiras que ouvi em toda minha curta vida. Por acaso, o veneno que matou o maior filósofo da história, Sócrates, a cicuta, é uma plantinha, uma erva natural lindinha, bem cuti-cuti, que tipicamente, após uma hora da ingestão, causa a morte da pessoa, antes, porém, faz ela sofrer com dores de barriga horríveis (bem maior do que aquela que te deu quanto comeu melancia com leite e depois lavou a cabeça no banho. Quem não manda escutá a mãe?).
A segunda maior asneira que muito se ouve dos defensores da legalização da mardita é que ela não vicia (rsrsrsrs parece piada). Não vicia o cidadão que não fuma. Por mais que possa ser considerada um entorpecente leve, a cannabis causa dependência e, como já disse antes, serve de porta de entrada para drogas muito piores.
A terceira asneira é que a maconha faz bem para a saúde. Como diria meu personagem favorito dos livros, Forrest Gump, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, ou como diria um amigo meu, “não confundamos centavos novos, com sentar nos ovos”: a medicina até pode fazer uso de uma ou outra substância ativa da maconha e pode até encontrar elementos medicinais que, porventura, acabem por fazer bem no tratamento de algumas doenças, mas esse é o principio básico: quem nunca ouviu falar em Ciências, que o que diferencia o veneno do remédio é a quantidade que é ingerida?
Tornar a ervinha do capeta legal ou não, pelo menos para a minha limitada inteligência, não é uma questão de liberdade, como pregam os defensores da... digamos assim, causa e sim uma questão de saúde pública. E não me venham com esse papinho besta de que cada um sabe o que é melhor para si, que não vai colar.
Trabalhando em jornal a gente acaba se deparando com muitas histórias de pessoas que matam, roubam, furtam e fazem uma montoeira de barbaridades pra conseguir nem que seja uma grama da droga que é viciada. Conheci um homem, há alguns meses, que sofria com alcoolismo. Aliás, não apenas ele, como também a mulher, os cinco filhos, amigos mais chegados (ou os que sobraram). Ele sabia que era um homem doente, que deveria manter-se longe da cachaça a todo custo. Com certeza, nenhuma pessoa nessa mesma situação colaria cartazes nas ruas ou promoveria marchas incentivando a liberação do consumo de qualquer substância que destrua as faculdades mentais de seu usuário.
A corrente favorável virá me xingando, me chamando de quadrado e dizendo que em muitos países, inclusive de Primeiro Mundo, a droga é liberada, tais como Holanda, Bélgica, Alemanha (onde, inclusive, a cocaína é livre, o que aumentou consideravelmente seu uso) e Jamaica. Mas que chances isso teria de dar certo num país de dimensões continentais, como o Brasil?
Eu, pelo menos, não acharia nada legal se fosse dar uma volta no quarteirão de minha casa e visse meus vizinhos dando umas tragadas e ficando doidões. Gostaria menos ainda se visse minha irmã (já falei dela aqui, né?) com um baseado na boca e dizendo com aquela voz embargada: “Pô, mano!!!! Você não curte uma parada legal, não? Não qué pirá o cabeção, não??? Otááááário, hihihihihi!!!!!”. E acharia o cúmulo se um lazarento quisesse me vender um produto desses como se fosse a coisa mais natural do mundo. Já pensou como seriam as campanhas publicitárias (se é que elas poderão existir para esse tipo de produto) “Prove um cigarrinho do capeta e sinta-se nas nuvens” ou “Dê uma tragada e esqueça de todos os seus problemas”.
Mas eu estou falando aqui como se fosse uma coisa eminente e que estivesse logo ali, no mês que vem . Acredito que podem realizadas milhões de marchas e manifestações que a maconha jamais será legalizada. Se esse pessoal, que se empenha com tanta vontade pela conquista de suas reivindicações, canalizassem essa união e força de vontade para uma coisa mais justa viveríamos num país infinitamente melhor. Olha só: ao invés de “Legaliza a maconha já!!!!!”, eles erguessem as bandeiras de “Vamos acabar com a fome do mundo”; “Morte aos políticos corruptos” ou então “Vamos salvar o meio ambiente”. Não seria bem mais bonito? Quem sabe até eu, geralmente um cara bem discreto, tímido e que detesta qualquer tipo de atenção, pararia de escrever artigos de opinião como esse, e sairia às ruas com o pessoal, berrando à plenos pulmões estas causas que são muito mais justas.

P. S –O blog ficou muito mais massa assim : }

Cenário do “Rock” Beltronense

O complexo musical é representado por compositores, interpretes, instrumentistas, escolas e professores de música, lojas de instrumentos, casas de shows, músicos profissionais e amadores. Podemos entender a cena musical como um arranjo produtivo local, é um conjunto de atores localizados em um mesmo território, desenvolvendo atividades correlatas e que apresentam vínculos de interação, cooperação e aprendizagem. A partir dessa sinergia gerada, fortalecem suas chances de sobrevivência e crescimento.
Há tempos atras (meados dos anos 80) quando o rock de Beltrão passava por sua fase embrionária, bandas como: Cano de Escape, Tumor Puss, Escória, Reba Z9 e Domínio Insano, agitavam as festinhas com seus equipamentos (toscos) de guerra. Por estarem situados no interior do Paraná, (uma localização roqueiramente desprivilegiada) ainda não usufruíam da grande tecnologia musical desta mesma década.
Nos anos 90 e começo da década seguinte, com condições talvez menos precárias, três bandas podem ser destacadas pelo saudoso mérito de ter gravado um álbum: a Profecia, que passou a ser chamada de Camonha, e posteriormente chamada de “Supresonique”, “Paraná Blues” e o “Chumbo Dirigível”. Não é o meu objetivo entrar no mérito das bandas, mas sim resgatar a efervescência da cena roqueira de Beltrão na época, onde na linha do tempo, não se encontra muito distante (quem tem no mínimo seus vinte e poucos anos, sabe muito bem do que falo), das inúmeras apresentações, dos fãs, bares e casas de shows, movimentação das festas e da juventude.
Chegando ao nosso presente “2000inove”, tempo da informação rápida, tecnologia de ponta, internet, mp3, etc..., é natural e necessário que os músicos e as bandas busquem obssessivamente novas fronteiras, oportunidades e o reconhecimento longe daqui. Mas quando fala-se conjunturalmente no cenário do Rock em Beltrão (fora de pessimismos), está tão dramática quanto a gripe suína. É por esse motivo que cito nomes como: Radiophonics, Chumbo Dirigível, Paraná Blues, Ozônios80, Rafaela & seus amores, Vitrola a gás, Gasoline, Máquina74, Sombra Sonora, Strevaria Death e tantas outras bandas e nomes importantes que colaboram diretamente para que o Rock cresça e aconteça em nossa cidade, inclusive “VOCÊ”.


caso eu tenha esquecido alguma banda na citação, por favor lembre-me, obrigado.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Departamento de Cultura organiza festival de música sertaneja e popular

Numa iniciativa do Departamento Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Santo Antonio do Sudoeste será realizado o Festival Municipal de Interpretação da Música Sertaneja e Popular nas categorias infantil e adulto nos dias 21, 22 e 23 de maio. Na oportunidade serão distribuídos aproximadamente cinco mil reais em prêmios para os melhores classificados e o evento será realizado no Salão de Festas da Capela do Divino Espírito Santo, no Bairro Entre Rios com animação da banda APK Brasil.
“Poderão participar do evento somente pessoas que comprovem residência no município de Santo Antonio do Sudoeste”, afirmou Vânia Maria Brescovici Badke, secretária municipal de cultura. Maiores informações poderão ser obtidas através dos telefones (46) 3563-2257 e 3563-8000.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Nazareth em Pato Branco!


A banda Nazareth vai se apresentar no clube Pinheiros em Pato Branco. Entre os cabeças que tomaram a inciativa de trazer a banda escocesa para o sudoeste do Paraná está o Cali, da Associação Bar do Beti.
A sede da ABB fica próxima a câmara dos vereadores. É um bar - com secos e molhados - que reune grande parte dos artistas que dão o ar da graça na cidade. A banda Blindagem e a Syd Vinicius já foram bem recebidas nas tardes filosóficas antes do show. O Cali faz questão de tratar bem todo mundo.
Sobre a geração anos 70 e 80, acreditar que tal banda se apresente nesta cidade pode ser difícil, sei de muito tiozão que não consegue fazer cair a ficha, pois sempre tem um argumento do tipo: Deve ser algum cover.