Ubirajara de Freitas em 13 de Julho de 2007
Rock Bel, anos 70.
Não se têm registros muito precisos, pois o rock, no Sudoeste do Paraná, na década de 70 e 80 era considerado, no máximo, um hobbie, se não uma faze que os pais torciam para passar logo. Associado ao sexo e às drogas, o rock sofria muito preconceito.
Medusa e The Bear - O rock beltronense iniciou talvez com uma banda chamada Medusa, cuja alguns componentes ainda moram em Pato Branco. “Parece que a banda acabou porque a polícia chegou numa festa e a banda estava participando de uma orgia. Tinha muita gente pelada e drogada. Essas informações não são muito precisas, pois já faz mais de 30 anos e as pessoas inventavam muito quando o assunto era rock. Tinha muito preconceito, então as bandas tinham que tocar de tudo, porque assim passavam a ser conhecidas como banda de baile. Mais tarde minha banda, chamada The Bear agitava os bailes em Nova Concórdia tocando Credence e a turma ia ao delírio”, relembra Zé Ramos.
Rock Bel anos 80
O cenário do rock brasileiro era propício somente no Rio, São Paulo e Brasília. No interior, ainda hoje, pouca coisa mudou e na década de 80 as informações chegavam muito atrasadas, portanto as bandas dessa época sofriam de várias formas: primeiro por causa do preconceito, segundo pela dificuldade de se gravar um LP (custava cerca de 40 mil reais apenas mil cópias, fora as despesas para se manter em outra cidade, pois no Paraná só existia uma ou duas gravadoras). Os instrumentos além de serem caríssimos era algo raro por essas bandas, até um simples disco era difícil de encontrar, só existia na HM e na Discorama. E terceiro pela falta de espaço, pois as oportunidades eram somente nos festivais ou festas particulares. Era difícil os bares onde uma banda regional tocasse (talvez na Varanda). Mesmo assim algumas bandas se destacaram:
Cano de Escape – Foi a primeira banda da geração Coca-cola, ou seja, que só tocava rock. “Começamos em 1984 (Diomar Martini - o “Nick” (guitarra e voz), Paulo – “Banana” (bateria), Miguel Perondi (guitarra), Moacir e Hamilton – “Até logo” (baixo). Colocamos um captador no violão e a palheta era um pedaço de pote de ximia, compramos um amplificador via correspondência e a bateria era improvisada com cesta de vime e cabo de vassoura. Tocávamos no porão da casa dos meus pais e depois conseguimos um espaço no antigo teatro municipal (atual Ed. Real Center)”, explica Banana. Depois entrou o Jair e logo em seguida a banda acabou.
Situação Crítica: Foi precursora da Cano de Escape, com Jair (guitarra e voz), Maguila (bateria), Osnir (baixo) e Nick (guitarra e voz). “Minha guitarra fui eu mesmo quem fiz e na Expobel de 1986 (foto) a banda Metrópole elogiou. Nos apresentamos até em Cascavel, num festival de rock promovido pelo Joarez Store, da Tarobá”, relembra Jair.
Tumor Puss: Com Alemão na voz e guitarra, Carlão no baixo e Jota na Batera, o Tumor Puss fazia parte de um grupo descolado de amigos que resolveram tocar as composições do Eliacir Henrique Romanini, o Caxuxo – “Um dia desses, de manhã bem cedo, enrolei meus sonhos numa seda macia, me baseei nos fatos que aconteciam... Essam eram as músicas do Tumor. Foi uma época inconseqüente, mas não me arrependo. Tumor Puss é passado, hoje tenho um estilo totalmente eclético nas minhas composições, devido aos jingles que faço para as empresas e toda a experiência musical que adquiri durante os anos. Agradeço ao meu falecido pai que me deixou um violão, uma caixa de som, alguns discos e um forte apreço pela música”, emociona-se Alemão.
Escória – Jair (guitarra e voz), Maguila (bateria), Roger Marcelo (guitarras), Cézar Flessak (Teclado), Jaime (vocal) e Fábio no baixo. “Essa foi uma das melhores bandas da região, tínhamos até um técnico de som, o Luiz e começamos a ter uma lado mais profissional, com contratos, fazendo aberturas de grandes shows, inclusive na Expobel”, diz Carlos (Maguila).
Reba Z9 – A banda iniciou em 1987 como a precursora do punk no Sudoeste. Desde o início os integrantes (primeira formação) Bira (bateria), Fábio Meoti (guitarra e voz) e Cezar Aguero (baixo) optaram pelas composições próprias no repertório, que incluía, dentre outras, Rosa Purpurina, que tocou em primeiro lugar nas rádios durante vários meses. Apesar de Rosa Purpurina completar 20 anos continua na voz e nas rodas de violão das novas gerações. “Depois de assistir o Rock in Rio nunca mais fui o mesmo. Voltei obcecado para formar uma banda a ponto de nós mesmos montarmos os próprios instrumentos. A primeira vez que vi uma guitarra na loja me decepcionei quando soube que precisava de caixa de som, cabo e pedal para fazê-la funcionar. A bateria era composta de gaiola de passarinho, placa de sinalização e caixas de tomate. Tive apenas três aulas de violão na Igreja Irmãos Menonita e me ensinavam só sertaneja”, completa Bira.
Domínio Insano – Celso Saccol (guitarra), Paulo “Banana” (guitarra), David (baterista), Chico Fagundes (1.º baixista), Renato Tesser (2.º baixista) e Ader (vocal). “Eu e o Saccol gostávamos de rock pesado e pensávamos que a gente tocava guitarra. Convidamos um loco que ia no Mário de Andrade com os discos do Iron Maiden em baixo do braço e ensinamos ele a tocar bateria, era o David, depois entrou o Ader, mas toda a vez que tínhamos show ele tava preso no quartel”, conta Paulo.
Rock Bel, anos 90
É impossível citar o nome de todas as bandas que existiram, algumas tiveram um breve passagem, outras nem saíram das garagens, mas Profecia, Chumbo Dirigível, Carmina Burana e Paraná Blues foram as que mais se destacaram na década de 90, gravando CDs.
Hoje em cada esquina existe uma banda e a maioria dos adolescentes tocam um instrumento, é um hobbie sadio e cultural. Essa evolução se deve ao rompimento das barreiras pelas bandas mais antigas e gradativamente a diminuição das dificuldades. As escolas de música também tiveram uma participação importante neste avanço das novas bandas, com técnicas de guitarra, baixo e bateria e outras atualizações de repertório. Um dos músicos que mais contribuíram com isso foi Gabriel Elvas, que realizou sua 4.ª Jam Session com o encontro de novos músicos e veteranos do rock.
Nova Geração
Beibbe Lee - Composto por Mauricio no Baixo, Giovani na Bateria, Didão na guitarra e Marcos guitarra e vocal. Apesar de terem iniciado há apenas três meses a banda já possui um vasto repertório de diferentes épocas. Sua estréia será na festa “Rock’n’Roll Night”, dia 20 de julho, na chácara do Banestado, junto com as bandas Paraná Blues, Chumbo Dirigível e a ilustre participação de Lico Candeias, guitarrista paulista de blues.
Lendo 1984 nas entranhas da baleia
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